terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Do mod ao skinhead



Moonstomp (1996) e Young Birds Fly (2006) são duas singelas homenagens a duas subculturas, o skinhead e o mod, que surgiram ainda nos anos 60 e de uma maneira ou outra estiveram ligadas a música jamaicana. Ambas partilhavam o mesmo gosto tanto pela soul music norte-americana, como pela música jamaicana, seja ska, roksteady ou reggae. 


Moonstomp é um curta lançado em 1996 e mostra um rude boy e um skinhead em seu curto enredo, podendo pegar despercebido quem espera uma típica cena de violência racial. Destaque para as músicas de fundo. 


Young Birds Fly se centra na cultura mod e na vida de três jovens garotas. Ao que parece o filme aguarda lançamento.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Rei dos Reis


Escrito por Toni Face
Traduzido por Jazz para Hooligans 

Desmond Dacres, nasceu em 16 de julho de 1942 em Kingston, Jamaica, passou grande parte de sua juventude num orfanato emSt. Thomas antes de voltar aKingston, onde trabalhou como soldador. Seus colegas de trabalho insistiram várias vezes para que ele busca-se uma audição com algum produtor que lhe pudesse dar uma oportunidade como cantor. Em seguida um conhecido arrumou uma audição com Leslie Cong. Em 1963 o rebatizado Desmond Dekker gravou seu primeiro single, intitulado Honor Your Father and Mother, que foi editado na Inglaterra pela gravadora Tresure Island de Chris Blackwell.
Neste período Desmond se uniu aos The Aces, com os quais obteve um enorme sucesso na Jamaica na segunda metade dos anos 60, chegando a conquistar vinte posições como nº1 nas listas de sucesso. Quando chegou a época do Rocksteady em 1966, arrasou com seu tema 007(Shantytown), inspirado em James Bond, sendo um sucesso no Reino Unido: uma infecciosa articulação rítmica do rueiro rude boy, que foi um presságio do sucesso internacional que desfrutaria pouco tempo depois.
Em 1967 ficou em segundo lugar no jamaicano Festival da Cançãocom o tema Unity e continuou tendo sucessos nº 1 como Hey Gradma, Music Like Dirty, Rudi Got Soul, Rude Boy Train e Sabotage.
Já em 1969 conseguiu sucesso internacional com Israelites. "Get up in the morning, slaving for bread, sir, so that every mouth can be fed", cantada em patois jamaicano confundiu toda à audiência pop nos dois lados do Atlântico. Israelites havia sido um sucesso no ano anterior em clubes dedicados a música jamaicana e em 1969 se tornou a primeira canção reggae da história a obter um nº 1 nas listas inglesas. Também entrou no top 10 dos E.U.A, um país que sempre se mostrou reacionário à música jamaicana.
O próximo sucesso seria It Mek, gravado um ano antes como A It Mek, um tema inspirado em sua irmã Elaine que depois de um acidente doméstico chorou "like ice water". Dekker aproveitava, adaptando suas observações diárias em linhas afiadas e incisivas.
Os sucessos se sucediam, assim como as turnês pela Inglaterra, sendo o artista de reggae mais importante até a chegada de Bob Marley.
Durante a 2-Tone Ska/Mod Revival, gravou Black and Decker, não chegando a repetir o sucesso da década anterior, tentando novamente com Compass Point.
Em 1984 os tribunais lhe declararam arruinado e sem jeito de obter dinheiro de seu antigo empresário. Esses foram duros momentos para alguém que havia tocado as estrelas.
Seguiu fazendo turnês, apoiado por Delroy Williams, que era seu empresário na época e em 1993 grava King of Kings com The Specials, para a Trojan.
Sua inconfundível voz em falsete é o cartão de visita de uma das mais memoráveis estrelas jamaicanas, o pioneiro que fez do reggae um ritmo conhecido internacionalmente.

Originalmente publicado em Soul Jamaica

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Os Baobás - single (Mocambo/Rozenblit, 1966)


Seguindo a cronologia de lançamentos dos Baobás aqui está seu segundo compacto, contendo Happy Together, canção clássica do Turtles e Down Down, composição própria do guitarrista e vocalista Ricardo Contins. O destaque aqui vai para Down Down uma pérola garageria com guitarras fortes, clima tenso, gritos, um autêntico punk sessentista feito no Brasil, digna de figurar em coletâneas garage gringas como Nuggets, Pebbles ou Back From the Grave.


Escrito originalmente para Lixo Jovem.blogspot

sexta-feira, 25 de julho de 2008

DMZ (1976-1978)


"a banda que toca como eu gostaria que os Stooges tocassem"

Sempre quando escutava as bandas do começo dos anos 70 (Deep Purple, Led Zeppelin, etc.), sentia falta de algo sujo, seboso no som delas que logo me fazia desinteressar pelo som depois de escutar umas três vezes.Quando descobri Stooges e MC5, isso mudou, eles tinham um pouco da carniça que eu procurava na música. Mas mesmo os Stoges tem umas músicas chatas meio longas que cansam.Mas o mundo da música e da garimpagem sempre nos reservam surpresas... Vinda da primeira geração de bandas punk de Boston, o DMZ é tudo que eu esperava do que se costumou chamar de "proto punk" (o punk de antes de 1977, antes do boom). Reunindo o que há de melhor em nomes como MC5, Stooges e New York Dolls, só que com agressividade elevada a décima potência e influência do garage punk dos anos 60, com direito a uma versão de Cinderella do Sonics e "covers" de Wailers e Troggs.Os caras tem um ep de 1977 chamado Lift Up Your Hood (foto acima) e um álbum de 1978 com o nome de DMZ simplesmente, que é o melhor pra conhecer a banda, e uns ao vivos e demos.Para além dos consagrados nomes do punk da primeira metade dos 70, DMZ NOS COURO!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Chamado do Selvagem


Dê uma sacada na capa ai de cima, parece um rockabilly rocker dos anos 50, não? Mas as aparências enganam, Dean Carter é uma espécie de anomalia sonora gerada nos anos 60. O elo perdido entre o rockabilly dos anos 50 e o garage punk dos anos 60!!! Tente imaginar o cruzamento de um Elvis raivoso com a fúria garageira de um The Sonics ou ainda um Gene Vincent sendo acompanhado pelo The Seeds num restaurante de beira de estrada ou Eddie Cochran e Music Machine jogando sinuca (bilhar) numa taberna com luz verde fraca e talvez você possa imaginar o som de Dean Carter.

Vindo de Champaign, Illinois, Dean Carter começou a gravar demos em 1959 (inclusas nesse cd) que viriam a marcar seu som peculiar, parte rockabilly, parte garage punk dos mais devastadores. Aqui não há espaços para firulas psicodélicas, é rock bruto, fuzz barulhento e esquisito, riffs rockabilly com atmosfera sessentista, é isso ou quase isso.

O obscuro Dean Carter teve toda sua obra resgatada em 2004 pela Ace Records através de seu selo Big Beat, que possui em seu catálogo reedições do The Sonics, Zombies e até Big Star. Músicas de Dean Carter antes só podiam ser conferidas na coletânea Pebbles Vol. 6: Chicago Part 1, do qual fazem parte Jailhouse Rock e Rebel Woman. Em Call of The Wild temos tudo o que Dean produziu entre 1959-1969.Jailhouse Rock é a canção síntese de Dean Carter, uma releitura desse clássico com um começo devastador, vocal rocker, fuzz ao fundo e uma menina insana de 12 anos tocando um clarinete pertubador! É punk do começo ao fim.

Escrevi originalmente para Lixo Jovem.blogspot

terça-feira, 8 de julho de 2008

Analfabitles - ep (RCA Victor, 1969)


Os Analfabitles são uma das minhas bandas preferidas da garagem brasileira dos anos 60 ao lado de Os Baobás, The Galaxies, The Beatniks e The Brazilian Bitles. Na época existiram vários grupos batizados com essa estranha alcunha de Analfabitles, mas os que conseguiram gravar algo foram poucos como um de Minas Gerais e este aqui da zona sul carioca, o mais conhecido da época. Os Analfabitles são tidos como uma das lendas do rock carioca sixtie e apesar do nome fazer alusão aos Beatles seu som tem um direcionamento mais Rhythm and Blues, influenciados pela British Invasion mais linha-dura de The Them e dos Rolling Stones, o que explica a sonoridade que em nada lembra a Jovem Guarda do período. Esse compacto foi lançado em 1969 pela RCA/Victor e trás duas canções de cada lado. O lado A abre com a devastação sonora de Shake, dançante e furiosa ao mesmo tempo. Em seguida vem a calma The Sun Keeps Shining, que se não me engano é de autoria do grupo. O lado B tem a clássica Magic Carpet Ride do Steppenwolf, numa vigorosa execução. O compacto encerra com It´s Been Long. A discografia do Analfabitles é composta por esse compacto de 1969 e um precedente de 1968. Infelizmente existem poucas informações sobre a banda, o que dificulta algo básico como nome dos integrantes e coisas do tipo. O grupo não tem nenhum de seus dois compactos relançados em cd.


Escrito originalmente para Lixo Jovem.blogspot